iG São Paulo
Dindry Buck investe no mercado corporativo para faturar e dá aulas para profissionalizar carreiraA noite e a figura da drag queen tem tudo a ver, a ponto de ser quase impossível dissociar uma da outra. Mas para a drag Dindry Buck, essa conexão deixou de fazer sentindo. Isso acontece desde quando a transformista descobriu que sua carreira poderia ser mais lucrativa caso ela trabalhasse durante o dia, atuando em eventos corporativos e palestras motivacionais.
CURTA A PÁGINA DO IGAY NO FACEBOOK
Como muitas outras drag queens, Dindry começou sua carreira trabalhando em casas noturnas, mas depois foi migrando para área de eventos. Mas se engana que pensa que ela vai até as empresas só para fazer graça.
“Nós estudamos o posicionamento da empresa e suas normas para darmos a palestra motivacional. Chegamos com alegria para descontrair o ambiente, sem perder a proposta do evento que é treinar e atualizar os funcionários”, conta Dindry, que trabalha ao lado da sócia Sissi Girl.
Como o objetivo de profissionalizar o seu trabalho, Dindry ministra até oficinas para candidatas a drag queen. “Hoje o campo de atuação é enorme, principalmente o empresarial. Mas para isso dar certo é preciso mudar o perfil da drag brasileira. Você tem que manter o humor, mas evitar palavrões. Tem que ter também português impecável, exemplifica ela, que é interpretada pelo ator Albert Roggenbuck.
A última oficina dada por Dindry aconteceu na quinta-feira (30) passada, durante a Feira Cultural LGBT, no Vale do Anhangabaú. O estudante Rodrigo Scaglia,18, foi um dos participantes da workshop, que levava o nome de “Linha de Montagem: nasce uma Drag Queen.
Rodrigo já até escolheu o seu nome de drag, que será Raquel Style. Ele foi para a oficina acompanhado de um amigo, o estudante de moda Luan Ferreira,18, que o ajuda com as roupas e a maquiagem necessárias para a montação. “Eu não entendo nada, mas falo: ‘coloca mais brilho, faz mais carão”, brinca Luan.
A oficina não contou só com iniciantes na profissão. Yasmim Carraroh, por exemplo, já trabalha há dois anos e meio como drag. Ela participou do workshop para aperfeiçoar o seu trabalho. “Ser drag é a minha profissão, a minha paixão. Gosto de dublar, não de bater cabelo. Me apresento nos moldes dos anos 90. Estar aqui é me profissionalizar ainda mais”, revela Yasmin, criado por Paulo Jorge, 22.
Yasmin sonha com voos altos. No próximo dia 25 de julho, ela concorre, representando a cidade de Mauá, no Miss São Paulo Gay, que elege a mais bela drag do estado. Se vencer, Jorge leva sua personagem para disputar a versão nacional do concurso, que acontece no segundo semestre na cidade mineira de Juiz de Fora.
Despachada, Yasmin solicitou a ajuda dos presentes na oficina, incluindo reportagem, na hora de se montar. “Vocês podem me ajudar? Preciso me trocar, faz uma cabaninha pra mim?”, pediu a drag, que foi prontamente atendida. Ela conta que usa três calcinhas e uma cueca infantil por baixo da sua vestimenta colorida. “É para não escapar nada”, revela.
Além de ensinamentos sobre maquiagem, figurino e postura, a oficina ainda teve referências históricas. Os professores explicaram como o transformismo começou há muito tempo no Egito. No Brasil, as drag queens surgiram nos anos 80.
Um dos professores da oficina, o produtor de eventos Ivo Brasil é otimista quanto ao mercado. “A cidade realiza cerca de 90 mil eventos por ano, são seis por minuto, é muito campo para drag atuar”, conclui.