Vitor Sorano
“A Parada não é um carnaval fora de época, mas o maior movimento de visibilidade de uma parcela da comunidade que sofre preconceito", diz presidente da APOGLBTA 17ª Parada Gay de São Paulo começa este domingo (2) com um discurso de reação a algo que seus organizadores e apoiadores descrevem como um recrudescimento da homofobia no País - em parte como uma resposta ao próprio fortalecimento do movimento gay.
“Agora nos resta marchar contra os homofóbicos que estão no poder”, disse Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), ao declarar aberta a 17ª edição do evento, do alto de um trio elétrico na Avenida Paulista.
A frase mantém o tom politizado da coletiva de imprensa concedida minutos antes do início do evento, do qual participaram o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o governador do estado, Geraldo Alckmin, a ministra da Cultura, Marta Suplicy e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ)
“A Parada não é um carnaval fora de época, mas sim o maior movimento de visibilidade massiva de uma parcela da comunidade que sofre diariamente preconceito, discriminação, ódio e intolerância”, disse Quaresma, durante a coletiva.
'Tragédia Grega'
Na mesma ocasião, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, chamou de “tragédia grega” a presença do deputado Marcos Feliciano (PSC-SP) à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
“Temos a tragédia grega na Comissão de Direitos Humanos. Aí nós atingimos o ápice da falta de respeito à comunidade gay e aos direitos humanos", disse Marta, que considerou um acinte “uma pessoa com o discurso homofóbico estar presidindo uma comissão que ajuda a combater homofobia e tudo que diz respeito aos direitos humanos.”
Marta também classificou a Parada como uma resposta å violencia contra homossexuais: "Voces estao cada vez mais violentos, nos estamos cada vez mais alegres", disse ela ao iG. (Veja no video abaixo)
'Musculatura fundamentalista'
Marta argumentou que à medida em que a Parada Gay ficou mais forte e houve avanço nas leis de proteção aos direitos dos homossexuais “cria-se uma musculatura do lado oposicionista, fundamentalista, que tem realmente dado margem e alimentado a violência que vemos no País.”
Quaresma, da APOGLBT, emocionou-se ao prestar homenagem às 3 mil pessoas que, segundo ele, foram assinadas nos últimos 20 anos em razão de sua opção sexual ao falar em 3 mil pessoas assassinadas pela orientação sexual nos últimos 20 anos.
"Numa sociedade em que o conservadorismo urra e busca derrubar os direitos para as minorias, temos que ser fortes para defender a igualdade", disse ele, defendendo a aprovação do Projeto de Lei Complementar 122, que criminaliza a homofobia.
'Não interessa ampliar o Estado penal'
Principal expoente do movimento gay no Congresso, deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) se mostrou, entretanto, reticente em relação ao projeto. O parlamentar argumentou que é necessário uma resposta mais abrangente à questão.
"Não nos interessa ampliar o Estado penal porque ele já se voltou contra nós", disse Wyllys. “A homofobia é um sistema e tem que ser sistematicamente atacado”, disse.
O deputado também chamou a atenção para o fato de que a Parada, ao movimentar a economia, contribui para o financiamento de políticas públicas, não só voltadas ao público homossexual, mas toda a população.
"(Mas) é preciso que esses recursos sejam empregados em favor da cidadania LGBT", defendeu.
Haddad: homofóbicos já tiveram de lutar pela liberdade
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, argumentou que a homofobia muitas vezes é praticada por membros de grupos que, eles próprios, já foram e são alvo de intolerância.
"É muito significativo que nos neste dia de hoje, de combate a intolerância, de combate à homofobia, nos lembremos que muitas vezes os que tem comportamento homofóbico, em algum momento já tiveram que lutar por sua liberdade", disse Haddad.
"Os cristãos já tiveram de defender os seus direitos, os judeus, as mulheres, os negros, todas as minorias políticas."
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, católico, foi instado a fazer pressão junto aos grupos religiosos para que deixem de se opor à inclusão do casamento homossexual na legislação brasileira - hoje a união é possível graças ao Judiciário.
"O Estado é laico, isso é obvio", disse Alckmin.
Logo após o trio elétrico de abertura, a tradicional bandeira do arco-íris abriu o desfile do público na 17ª Parada Gay de São Paulo
Foto: Edu Cesar
Esbajando bom humor, a drag queen Silvetty Montilla foi a mestre de cerimônias do trio elétrico de abertura
Foto: Edu Cesar
Silvetty com a ministra da Cultura Marta Suplicy e o prefeito de São Paulo Fernando Haddad em cima do trio de abertura da parada
Foto: Edu Cesar
Mesmo com o dia chuvoso, o público encheu a Avenida Paulista neste domingo (02)
Foto: Edu Cesar
O namoro correu solto debaixo da bandeira do arco-íris
Foto: Edu Cesar
Muitos participantes estavam com câmeras nas mãos para registrar a festa
Foto: Edu Cesar
Amor Ao Próximo: mensagens de paz na Parada Gay 2013
Foto: Edu Cesar
A drag Paulete Pink faz pose na Avenida Paulista. Ela tirou muitas fotos com os fãs
Foto: Edu Cesar
O público dançou tanto na avenida como em cima dos trios
Foto: Edu Cesar
Como em toda parada, a ‘ala’ dos descamisado marcou presença na Paulista
Foto: Edu Cesar
Esse participante caprichou nos passos de dança...
Foto: Edu Cesar
...já esta merecia um prêmio por criatividade e por consciência ecológica
Foto: Edu Cesar
No trio eletrético de abertura, o deputado Jean Wyllys conclamou: “Nós somos muitos, não somos fracos”
Foto: Edu Cesar
Marta e Haddad acompanham a movimentação do público
Foto: Edu Cesar
Ex-prefeita e ministra Marta dançando à vontade no trio elétrico
Foto: Edu Cesar
O estilista Alexandre Herchcovitch no trio de abertura da parada
Foto: Edu Cesar
Alguns participantes eram chamados a todo momento para tirar foto com o público
Foto: Edu Cesar
As produções coloridas dominaram a parada
Foto: Edu Cesar
Amy Winehouse ganhou uma versão brasileira no evento
Foto: Edu Cesar
O governador de São Paulo Geraldo Alckmin assistiu a parada do camarote da prefeitura de São Paulo
Foto: Edu Cesar
Este participante fez um show particular na Paulista
Foto: Edu Cesar
O estilista José Roberto veio vestido de Papa da Diversidade. “Esta na hora da Igreja Católica fazer a sua parte na luta contra preconceito”
Foto: Edu Cesar
Haddad estava acompanhado da sua mulher, Ana Estela Haddad
Foto: Ana Ribeiro
Este ano a reação à homofobia é o foco dos organizadores e apoiadores da Parada Gay, atualmente em sua 17ª edição
Foto: Ana Ribeiro
Salete Campari: 'Há dez anos tenho um carro só meu, trago todos os amigos'
Foto: Ana Ribeiro
Bandeira gay toma conta da Avenida Paulista na 17a. edição da Parada do Orgulho Gay
Foto: Ana Ribeiro
Carlos de Souza, Beatriz Lessa e Flávio Ricardo Pain. "Com o tempo fechado não deu pra investir muito na make, mas o brilho está aqui"
Foto: Ana Ribeiro
Wesley Henrique, 25 anos: chuva não atrapalhou a animação do público na Parada Gay 2013
Foto: Ana Ribeiro
Alexandre, a Amy Winehouse da Parada Gay 2013 de São Paulo
Foto: Ana Ribeiro
As 'Brancas de Neve' Andrea Facinconi e Moniely Thirsan. "Sou de Sumaré, mas sempre falo Campinas porque ninguém sabe onde é Sumaré"
Foto: Ana Ribeiro
A estimativa de público para a Parada Gay 2013 é de 3,5 milhões de pessoas
Foto: Ana Ribeiro
Manifestante carrega placa dizendo 'Sou gay e Deus me ama'
Foto: Ana Ribeiro
Luana Pereira: 'Fazemos nossa grife 'Ai Que Preguiça'. Se está com preguiça de dizer, fala com a camiseta.'
Foto: Ana Ribeiro
Renata e Henry Gordon: família na Avenida Paulista para a Parada Gay 2013
Foto: Ana Ribeiro
Marcelo vestido de freira para a Parada Gay 2013
Foto: Ana Ribeiro
De Paula
Foto: Ana Ribeiro
A Nega Maluca, direto de Jacareí para a Parada Gay de São Paulo
Foto: Ana Ribeiro
Marg McLntosh com Ana e Olivia. Família veio de Chicago para visitar o filho e passou pela Parada Gay na Avenida Paulista
Foto: Ana Ribeiro
Luciana Rocha e Salete Urbano: casal de Blumenau está junto há quatro anos
Foto: Ana Ribeiro
Comércio ambulante vende produtos do arco-íris: "recebemos coisas segmentadas. Tudo custa 5 reais"
Foto: Ana Ribeiro