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Gays criam estratégias para combater homofobia no seu dia a dia

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Iran Giusti

Palestras, páginas em redes sociais e intervenções artísticas viram armas para combater o preconceito

As paradas gays e outras manifestações de rua têm papel importante e indiscutível na luta pelos direitos da comunidade LGBT, sem falar no combate ao preconceito. Mas o ativismo não vive só de grandes eventos coletivos. Longe dos holofotes, algumas pessoas têm tomado inciativas individuais para combater à homofobia no seu dia a dia e junto às pessoas que as cercam.

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Psicóloga e revisora de texto, Maria Clara Paes, 25, é uma das pessoas que fazem de seu cotidiano um espaço de mudança e de transformação. Ela integra a frente LGBT da faculdade paulistana FMU e ministra palestras sobre diversidade sexual para jovens. Maria Clara já fez este trabalho de conscientização inclusive na empresa em que trabalha, após se sentir incomodada com comentários e insinuações de colegas a respeito de sua homossexualidade.

“Recebia várias indiretas, olhares tortos. Depois de 15 dias fiz uma reunião para deixar claro que exigia respeito. A conversa funcionou”, relata Maria Clara, que trabalha num centro de capacitação de jovens profissionais.

No entanto, a psicóloga admite que o papo com os colegas não foi nada agradável. “Chorei, fiquei nervosa, me senti invadida porque tive que me expor. Mas falei que me julgar pela minha orientação sexual era mesquinho. Acredito em um mundo que evolui, no qual as pessoas se preocupam com o seu caráter e não com sua orientação sexual”, defende Maria Clara.

Quando dá suas palestras, Maria Clara faz questão de ressaltar a importância desta diferenciação. “Sou educadora, lido com jovens de 14 a 24 anos, promovo palestras e oficinas para discussão de diversidade sexual, falando também sobre outras minorias”, descreve a psicóloga, que também usa as redes sociais como ferramenta para disseminar informação. “Compartilho e promovo debates no Facebook, porque eles são importantes.”

E exatamente nas redes sociais que administrador de empresas Gustavo Don, 24, atua. Sua página no Facebook, a “Beijos Para Feliciano”, conta com mais de 46 mil curtidores, internautas que recebem, diariamente, conteúdo ligado ao movimento LGBT.

“A ideia inicial da página era reunir fotos de beijos em protesto ao então presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias Marco Feliciano (PSC-SP). Hoje, ela virou uma ferramenta de ativismo digital que leva informação à população”, descreve Gustavo, que criou a página no primeiro semestre de 2013.

Junto com alguns amigos, Gustavo criou ainda o Fórum Mogiano LGBT, que realiza atividades de sensibilização na cidade de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. “Já conseguimos dar início ao processo de criação do Conselho Municipal da Diversidade Sexual e estamos organizando um grupo especifico para população de jovens gays”, conta o administrador de empresas.

O despertar do engajamento de Gustavo aconteceu depois de ele sofrer preconceito na adolescência por ser gay. “Tive que mudar de escola, me sentia fraco, percebi que profissionais da educação não sabem lidar com isso e percebi que milhares de jovens podem estar passando pelo que eu passei. A partir daí, fui estudar, ler sobre orientação sexual, identidade de gênero e passar essa informação para frente.”

Para o fotógrafo André Medeiros Martins, 32, o preconceito também foi um motivador para ele decidir fazer algo. “Sempre fui muito atento à origem do discurso do agressor. Percebi que os que me atacam são os que se sentem ameaçados de alguma forma. Minha liberdade os deixa assustados”, avalia André, que desenvolve performances com o tema da sexualidade.

“Criamos um espaço para a afetividade ultrapassar o limite do privado, colocando um casal gay dormindo de conchinha em uma livraria e também um beijo gay ininterrupto de uma hora no saguão de um evento”, exemplifica André.

Veja intervenções artísticas  feitas por André Medeiros Martins:

O fotógrafo André Medeiros Martins criou uma intervenção artística com um casal se beijando por uma hora

O fotógrafo André Medeiros Martins criou uma intervenção artística com um casal se beijando por uma hora

Foto: Divulgação

O beijo de uma hora foi num saguão de um evento em São Paulo

O beijo de uma hora foi num saguão de um evento em São Paulo

Foto: Divulgação

Provocativa, a ação procura intervir no cotidiano e e proporcionar outras visões

Provocativa, a ação procura intervir no cotidiano e e proporcionar outras visões

Foto: Divulgação

Outra intervenção colocou um casal gay dormindo de conchinha em uma livraria

Outra intervenção colocou um casal gay dormindo de conchinha em uma livraria

Foto: Divulgação

 André decidiu agir depois de uma experiência pessoal de preconceito

André decidiu agir depois de uma experiência pessoal de preconceito

Foto: Divulgação

'Viva assumindo suas vontades, não deixe a cabeça te dominar tanto, te sufocando com tantas proibições', recomenda o fotógrafo

'Viva assumindo suas vontades, não deixe a cabeça te dominar tanto, te sufocando com tantas proibições', recomenda o fotógrafo

Foto: Divulgação

O fotógrafo aposta no poder transformador de uma intervenção artística. “Intervir no nosso cotidiano e proporcionar outras visões é um das possibilidades oferecidas pela arte. Ela esta ficando cada vez mais forte justamente pela opressão que sentimos de tantos padrões que temos que seguir”, argumenta o fotógrafo, reconhecendo, porém, que este tipo de trabalho exige paciência, além de coragem.

André recomenda que quem sofre homofobia tente entender a situação pela qual passou. “Viva assumindo suas vontades, não deixe a cabeça te dominar tanto, te sufocando com tantas proibições. Deixe a pele livre para as sensações. Quem se sente agredido deve compreender o máximo possível o acontecimento para agir de maneira correta.”

Maria Clara usa uma lição maternal para reafirmar a importância da informação e da educação no embate contra o preconceito. “Uma vez, minha mãe me disse: ‘Não deixe de investir em seu crescimento, conhecimento e cultura. Ter conhecimento é a melhor forma para não deixar os demais se sentirem superiores a você, te humilharem. Essa será sua melhor arma no combate ao preconceito’. Levei isso para vida."


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