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O jornalista publicou uma matéria durante a Olimpíada expondo atletas gays que não eram assumidos publicamente. Em novo artigo, ele pede desculpasPouco mais de sete meses desde que publicou um artigo expondo atletas gays nos Jogos Olímpicos Rio 2016, o jornalista Nico Hines disse que está "profundamente triste" por tê-lo feito. Em nova publicação para o "Daily Beast", Nico afirma que a matéria “nunca deveria ter sido concebida, escrita ou publicada”.
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Artigo publicado pelo jornalista Nico Hines em que ele fala sobre o que aprendeu com o erro
Foto: Reprodução/Daily Beast
Durante a Olimpíada de 2016, Nico Hines, que é heterossexual, utilizou o aplicativo de relacionamento Grindr para procurar atletas gays e depois fazer uma reportagem sobre o assunto. Utilizando o título“Consegui três encontros no Grindr em uma hora na Vila Olímpica”, o jornalista enfatizou na reportagem o quanto era fácil marcar encontros reais de sexo com outros homens. Além disso, ele deu características que identificavam atletas que não eram assumidos publicamente.
Em seu texto de retratação, ele fala que desde que o artigo original foi publicado, ele recebeu centenas de e-mails lembrando que muitos membros da comunidade LGBTQ nem sempre sentem que podem confiar na sociedade em geral e que ele deve ficar ciente de que contribuiu para esse medo. “Ao não reconhecer os danos que eu poderia causar ao invadir um espaço seguro, eu era culpado de reforçar essas emoções”, afirma.
“Eu também deveria ter visto que era errado atuar em qualquer aplicativo de namoro sem me identificar claramente como um repórter quando eu não estava realmente procurando um encontro”, diz Hines no texto de desculpas. “Eu deveria ter percebido que o Grindr é mais do que um aplicativo de namoro. É um espaço seguro para a comunidade que precisa de um espaço seguro”.
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Reações ao artigo
Quando publicou o artigo original, Hines recebeu muitas críticas do público, incluindo do atleta Amini Fonua, um nadador assumidamente gay e do Tonga, país em que ainda é proibido por lei ser homossexual. “Ainda é ilegal ser gay no Tonga, e embora eu seja forte o suficiente para ser eu mesmo diante do mundo, nem todas as pessoas são. Respeitem isso”, disse o atleta em seu Twitter.
O "Daily Beast" também recebeu críticas e removeu o conteúdo de seu site. No lugar, colocou um texto pedindo desculpas e dizendo que iria melhorar.
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Demorou, mas pelo menos parece que o jornalista aprendeu a lição e se retratou.