iG São Paulo
Sucesso nas megaigrejas americanas e em debates religiosos na TV, ela tem 35 anos e decidiu se assumir. "35 anos são metade da vida, não posso desperdiçar a outra metade."Vicky Beeching tem 35 anos, é britânica e uma das maiores estrelas gospel nos Estados Unidos. Sua voz é conhecida nas megaigrejas americanas e agora vai ficar no resto do mundo também.
"Eu sou gay", declarou ela em entrevista para Patrick Strudwick, do "The Independent". Ela nunca havia dito isso publicamente antes. Apenas algumas pessoas próximas sabiam.
Beeching nasceu em Kent, numa família conservadora cristã, e cresceu frequentando a igreja Pentecostal e depois o ramo evangélico da Igreja Anglicana. Estudou Teologia em Oxford, depois assinou contrato com a EMI e se mudou para Nashville 12 anos atrás, onde começou sua bem-sucedida carreira de cantora. As letras das suas músicas falam do temor a Deus. Comentarista religiosa, ela apresenta o programa de rádio "Pensamento do Dia" e participa sempre de debates nos programas de TV de domingo.
Agora, ela provavelmente será crucificada pelos seus fãs. Desde que se pronunciou a favor do casamento igualitário um ano atrás, sua música sofreu boicote. Seus perfis nas redes sociais começaram a registrar casos de ódio: "Você está possuída pelo demônio" é um dos comentários regulares.
REZA E EXORCISMO
Vicky Beeching começou a ter atração por meninas aos 12 anos. "Perceber isso foi uma sensação horrível", diz ela. "Eu tinha muita vergonha e não podia comentar com ninguém. Sentia que tinha alguma coisa muito errada comigo, e que meu pecado era tão grande que eu não podia ser curada." Aos 13, chorando no seu quarto, ela rezou. "Eu disse para Deus, 'O Senhor tem que tirar a minha vida ou me livrar dessa atração, não consigo viver assim'". Na tentativa de se curar, ela confessou, rezou, participou de exorcismo.
Se apoiou nos estudos e na música para se distrair do seu desejo. Aos 23, assinou contrato com o ramo cristão da EMI e foi morar nos Estados Unidos. Até os 30, ela não tinha tido uma relação e nem conhecido algum gay assumido. Afastada da música por uma doença autoimune que a obrigou a fazer 18 meses de quimioterapia, ela estabeleceu uma meta: ia se assumir aos 35 anos. "35 anos é metade da vida. Não posso desperdiçar a outra metade."
"O que Jesus ensinou foi uma mensagem radical de aceitamento e inclusão e amor. Tenho certeza de que Deus me ama do jeito que eu sou, e ouço um chamado para dizer isso aos jovens. Quando penso em mim aos 13 anos chorando no quarto, quero ajudar qualquer pessoa na mesma situação a não passar pelo que eu passei. Mostrar que você pode ser quem é - uma pessoa íntegra."
