Ana Ribeiro
No dia 9 de junho, estreia na HBO americana o documentário "Lembrando o artista: Robert De Niro, Sr.", em que o filho mostra o estúdio do pai em NY e lê trechos de seu diárioRobert De Niro todo mundo conhece, todo mundo ama. É um ator daqueles que aparecem muito de vez em quando: forte, intenso, sensual, cheio de personalidade. Sua história pessoal pode explicar um pouco desse poder artístico. Afinal, o talento corre na família.
Robert De Niro pai exercia o seu atuando como artista plástico, mais especificamente como pintor figurativo. A última casa onde viveu, no bairro do SoHo, em Nova York, que era também seu estúdio, foi preservada por seu filho vencedor do Oscar (melhor ator por “O Poderoso Chefão”, parte 2, em 1975, e melhor ator por “Touro Indomável”, em 1981), que conta suas memórias em documentário que estreia dia 9 de junho na HBO americana, “Lembrando o Artista: Robert de Niro, Sr.”, ainda sem data definida para exibição no Brasil.
De Niro filho deu vários depoimentos para o documentário, e deu também uma entrevista sobre seu pai para a edição de junho/julho da revista americana "OUT". De Niro pai era gay assumido.
"Sim, ele provavelmente tinha (algum conflito por ser gay), sendo daquela geração, de uma cidade pequena”, diz De Niro, 70 anos. “Eu não tinha noção, muita, desse fato. Gostaria que tivéssemos falado sobre isso muito mais. Minha mãe não queria falar sobre as coisas em geral, e você não está interessado também quando tem uma certa idade.”
De Niro diz que apesar de não passar muito tempo com seu pai, eles eram próximos.
"Não éramos o tipo de pai e filho que jogam baseball juntos, como você pode imaginar. Mas tínhamos uma conexão”, diz ele. “Não ficava com ele muito, porque minha mãe e ele eram separados e divorciados. Como eu disse no documentário, eu me espelhava nele algumas vezes.”
“Ele não era um mau pai. Era ausente de alguma forma. Mas era muito amoroso. Ele me adorava… como eu adoro meus filhos.”
Assista a trecho do documentário "Lembrando o Artista":
Para quem pensa em Vito Corleone quando pensa em Robert De Niro, vai ser meio chocante vê-lo hesitar e chorar ao falar sobre seu pai e ler trechos de seu diário no filme. Já faz mais de 20 anos que De Niro pai morreu de câncer, mas a memória dele está fresca na cabeça de De Niro filho, que preservou o estúdio do pai cheio de livros, pincéis e telas interminadas, como se o pintor tivesse saído para tomar um café e fosse voltar a qualquer momento. “Era a única maneira de mantê-lo vivo”, diz De Niro. “Para mim, ele sempre foi um grande artista.”
No documentário, De Niro descortina um lado frágil e doce conforme explica que torce para que o trabalho de seu pai seja reconhecido, ainda que tardiamente.
Leia trechos da entrevista para a "OUT".
OUT – Ao ver o estúdio de seu pai no documentário, me perguntei o que esse espaço significa para você. Muita gente o visita?
De Niro – Trouxe algumas pessoas aqui ao longo dos anos, fiz duas ou três festas aqui. Quando pensei que ia ter de desistir do espaço, três ou quarto anos atrás, fiz videos e fotografei tudo. Mas aí eu disse: “Simplesmente não consigo fazer isso.” É uma experiência diferente estar aqui do que ver o espaço em vídeos e fotos. Fiz isso pelos meus netos e filhos mais novos, que não conheceram seu avô.
OUT – Depois da morte do seu pai, você trancou o studio e não voltou mais? Quanto tempo levou para você voltar lá?
De Niro – Não pensei em vender e me desfazer dele. Por sorte, eu pude mantê-lo ali, então deixei como estava.
OUT – Quando você começou a ler os diários dele?
De Niro – Eu não li todos os diários – só comecei. Li alguns para o filme, mas ainda não li todos. Eu vou, logicamente.
OUT – Como você se sente tendo o mesmo nome de seu pai?
De Niro – (começa a chorar, tira os óculos, e toma um fôlego para continuar) – Me emociona. Não sei porque.