Iran Giusti
Na tentativa de atrair público, longa foca nos problemas e minimiza grandiosidade criativa do estilistaPierre Niney como Yves Saint Laurent e Guillaume Gallienne como Pierre Bergé em cena do filme
Foto: Divulgação
A relação do casal durou cerca de 50 anos, primeiro como parceiros afetivos e depois como sócios na marca que leva o nome do estilista
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Charlotte Le Bon interpreta uma das primeiras modelos de Yves Saint Laurent, Victoire Doutreleau
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Pierre foi o grande incentivador da marca própria de Yves
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Yves e Victoire foram amigos até o dia em que a modelo o traiu
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Yves Saint Laurent ficou conhecido por revolucionar a alta-costura feminina
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Yves se preocupava constantemente com a silhueta das mulheres
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Charlotte Le Bon como a modelo Victoire Doutreleau
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Pierre Niney está impecavel como Yves Saint Laurent
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Um dos marcos nos desfiles de Yves era o vestido de noive que fechava a apresentação
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Yves passou por complicadas fases regada a álcool e drogas
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Yves chegou a ser internado em um hospital psiquiátrico militar
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Quando o estilista Yves Saint Laurent assumiu a direção criativa da maison Dior, em 1957, um ícone nascia. Sempre associado a reinvenção do guarda-roupa feminino – foi ele quem inseriu o smoking na alta costura - o estilista era e ainda é considerado um gênio. Mas mesmo com a beleza hipnotizante de seu interprete Pierre Niney, a cinebiografia dele deixa a desejar pelo excesso de pontas soltas, assim como o seu moralismo.
Contada pelo diretor Jalil Lespert, a construção de "Yves Saint Laurent", que estreia no Brasil no dia 24 de abril, é um tanto oportunista e opta pela fase problemática do estilista durante as décadas de 60 e 70, regada a muito álcool, drogas e sua relação amorosa com Pierre Bergé (Guillaume Gallienne).
A não glamourização dos abusos e o recorte em cima da vida pessoal do estilista poderia ser um ponto positivo se não tivesse ares de lição de moral. Cenas de sexo, por exemplo, só são mostradas com os amantes, nunca com seu grande amor. Fica confuso também o motivo de sua convocação para servir ao Exército – nascido na Argélia, então colônia francesa, Yves teria que lutar na Guerra da Independência do seu país de origem. Outro problema: o rumo que tomou a relação do casal.
Niney está encantador como Yves. Doce, delicado e, posteriormente, libertino. Ele nunca deixa a peteca cair. Seus coadjuvantes também atuam de forma correta, mas sem muita emoção.
Gallienne como Bergé, no entanto, não parece apaixonado e Nikolai Kinski, como o temperamental Karl Lagerfeld - atual diretor criativo e designer chefe da Chanel, Fendi e de sua marca própria - é uma das grandes decepções do filme, se tornando quase um figurante.
A atriz Catherine Deneuve também faz falta, amiga de Yves por décadas e praticamente embaixatriz da marca dele, não é nem citada no longa. A cinebiografia optou por abordar a relação de Yves com a designer de joias Loulou de la Falaise e com a modelo Betty Catroux.
Ignorar os últimos 30 anos de vida, etapa da expansão da marca e da criação da Fundação Pierre Berge - Yves Saint Laurent também não foi uma das melhores escolhas de roteiro, empobrecendo a trajetória do estilista.
FALTA MODA
Talvez na tentativa de aproximar o público, a moda, essencial na vida de Yves, como é inclusive falado no filme, é colocada em um segundo e distante plano. O estilista criou incontáveis coleções inspiradas em artistas plásticos como Mondrian (rapidamente abordado), Matisse e George Braques, além de ser o primeiro a colocar modelos negras na passarela.
De bom fica o trabalho de Madeleine Fontaine, responsável pelos figurinos. Originais do acervo da fundação do estilista, a peças não puderam ter nenhuma alteração e eram manuseadas apenas com luvas pela equipe técnica. Fora isso, e a beleza e dedicada atuação de Niney, o filme é completamente esquecível.
Confira o trailer de "Yves Saint Laurent":