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Daniela Mercury, Maria Zilda, Gadú: redes sociais como meio para sair do armário

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Iran Giusti

As cantoras e a atriz são exemplos nacionais de uma nova maneira de se assumir homossexual: por meio da internet e das redes sociais. Especialistas e LGBTs que passaram pela mesma situação falam sobre a experiência

A cantora Maria Gadú  sempre foi bastante reservada em relação à sua vida pessoal, assim como a atriz Maria Zilda . Recentemente, porém, ambas assumiram seus relacionamentos homoafetivos por meio de suas redes sociais. Maria Gadú começou postando no Instagram fotos cada vez mais frequentes ao lado da stylist Lua Leça, ao mesmo tempo em que mudava seu estilo de se vestir e se pentear. Sem confirmação oficial, o casamento entre as duas teria acontecido no sábado (9). Maria Zilda simplesmente mudou o status de seu relacionamento no Facebook: casada, e depois deu uma entrevista falando da reação positiva que recebeu ao tornar pública sua relação com a arquiteta Ana Kalil.. Antes delas, a cantora Daniela Mercury  já tinha assumido pelo Instagram o seu amor pela jornalista Malu Verçosa, com quem também se casou. 

Para o psicólogo e autor do livro “O Armário” (Editora Independente), Fabrício Viana , o ato de se assumir é bastante importante para uma vida plena. “Ao se assumir, deixamos várias neuroses de lado e começamos a viver nossa vida de forma autêntica e satisfatória”, diz ele. "Deixamos de gastar muita energia para esconder nossos desejos homossexuais e começamos a usar essa mesma energia para viver melhor”, afirma, lembrando sempre que é preciso respeitar o tempo de cada um.

Para os famosos, isso ainda é mais determinante. Porque, como a própria Daniela Mercury disse em entrevistas, assumir era a única forma de viver sua vida com liberdade. Se seu romance fosse um segredo, ela não poderia circular livremente com sua mulher.

“O caminho para a auto aceitação e a aceitação dos outros não é nada fácil. Muitos filhos são expulsos de casa, perdem o amor dos pais e de amigos mais próximos quando se assumem. Porém já vi casos de religiosos fanáticos que aceitam de coração aberto filhos gays. É impossível adivinhar qual família irá aceitar ou não a orientação sexual diferente com tamanha naturalidade”, afirma Fabrício.

O oficial de estoque Richard Coelho , 20, decidiu enfrentar a situação, e optou por realizar uma postagem em seu perfil no Facebook. “Foi pela rede social que me expus à minha família e toda a sociedade. Tirei o véu da religiosidade, da hipocrisia, e enfim comecei a viver a minha vida”, conta o jovem, que conta ter convivido com uma realidade em que teve sua sexualidade reprimida por conta da criação religiosa.

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A opção por utilizar a rede social se deu pela distância que o separa da família e também a praticidade. “Decidi contar no Facebook porque estou morando longe dos meus familiares e achei mais adequado expor a todos de uma vez só. Reuniões familiares são quase impossíveis na minha família, então, na rede social, eu me mostraria a todos de uma vez só”, explica Richard, contando ainda que as reações das pessoas foram diversas.

“Amigos próximos já sabiam, me apoiaram e consolaram. Alguns familiares ficaram escandalizados, entretanto se contiveram. Outros simplesmente me apoiaram e disseram que preferiam a minha felicidade.”

A distância foi também o principal motivo que fez o designer gráfico Murillo Fabris , 25, escolher a internet como caminho para sair do armário. Morando em Dublin, na Irlanda, há três anos, se assumiu para a mãe, que ainda vive na pequena cidade litorânea de Araranguá, em Santa Catarina, por meio do Skype (aplicativo de conversa online) há seis meses.

“Na minha cidade tinha apenas um gay assumido, eu não tinha, e ainda não tenho, nem ideia de como é o mundo gay no Brasil, mas todas as informações que eu precisava eu procurava online, não tinha pra quem perguntar”, relata ele, que afinal foi bem aceito pela família depois da revelação, apesar das ressalvas da mãe.

“Acho que está sendo mais fácil a aceitação pra ela porque moro longe e ela não vê nada... Creio que se um dia eu voltar pra casa com um namorado isso não será um problema, desde que não seja algo muito explicito”, espera Murillo.

Mecanismo de Defesa

Para a publicitária Izabela Santos , 24, se assumir pela redes sociais foi parte de um processo natural, que tornou tudo muito mais leve. “Eu não escolhi a internet para me assumir, mas nela as brincadeiras sobre sexualidade são mais suaves, é mais natural alguém brincar no twitter que tem namorada, marida. Isso me ajudou bastante a me soltar mais e começar a me assumir nas brincadeiras", conta ela.

"Alguns que me liam sabiam que era verdade, outros não, e hoje em dia praticamente todos sabem. Então foi uma abertura que eu tive para me acostumar com a própria situação, sem necessariamente ter que assumi-la tão de cara”, conta ela .

Para José Roberto Leite , coordenador da unidade de medicina comportamental da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o uso das ferramentas digitais pode ser visto também como um mecanismo de defesa. “Se assumir na internet é se assumir em massa, porque todos têm acesso à informação publicada.”

O especialista ainda aponta dois fatores que podem levar alguém a usar as redes para se assumir. “O primeiro é a impessoalidade, se assumir de uma forma distante, o comunicar sem estresse, sem medo, como um mecanismo de defesa mesmo. O segundo ponto é a diluição, você joga a informação, ela chega a todos, e essa informação muito disseminada tem sua importância diluída”, explica.


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