Iran Giusti
Em entrevista ao iGay, travesti fala com franqueza de sua dura trajetória de vida, do abuso sexual na infância à fama breve na internet
Luisa Marilac é um misto de segredos e verdades escancaradas. Com uma dura história de sobrevivência ao preconceito, a mineira não se acanha em falar de todas as bordoadas que levou da vida, muito menos do trabalho como prostituta. Ela só sonega, de forma categórica, duas informações: sua idade e o nome de batismo. “Meu nome de batismo é Luisa Marilac, querido”, retruca com bom humor.
Entrevista: Luisa Marilac sobre travestis, “Perdi a conta de quantas amigas eu enterrei”
Nascida na cidade de Além Paraíba, no interior de Minas Gerais, ela conta que desde criança se sentia num corpo errado. Infelizmente, as crueldades da vida apareceram na mesma época. Luisa revela que sofreu abuso sexual aos oito anos de idade. “Eu tenho cicatrizes no corpo e na mente que não vão passar nunca, são coisas que não se esquece, não se apaga”, lamenta.
Dez anos depois, mais violência. Luisa foi esfaqueada por um desconhecido em um bar paulistano. Para piorar a situação, ela sofreu negligencia médica. “Fui tratada como um animal, na mesa de cirurgia, o médico falava ‘se você tivesse dentro de casa, isso não teria acontecido’”.
Com o sucesso do vídeo “bons drinques”, em 2010, Luisa vislumbrou a possibilidade de sair da marginalidade e da prostituição, mas tempos depois, quando a fama se esvaiu, ela teve que voltar a sua antiga realidade.
Apesar de todas essas passagens doloridas de sua vida, Marilac exibe um bom humor invejável. Um jeito de lidar com as adversidades próprio de quem sabe que se abater não é uma opção.