iG São Paulo
Marvia Malik é a nova âncora do Kohenoor News e espera servir como exemplo para as crianças e a comunidade transgênero no PaquistãoA jovem Marvia Malik, de 21 anos, fez a sua primeira aparição como âncora do Kohenoor News, telejornal do Paquistão, na sexta-feira (23) e tornou-se a primeira pessoa transgênero a conseguir o cargo no país. O fato causou grande repercussão nas redes sociais, estabelecendo um marco pelos direitos trans no Paquistão.
Leia também: Laverne Cox se torna primeira mulher transgênero a estampar capa de revista
Marvia Malik é a nova âncora do Kohenoor News e a primeira transgênero a conquistar tal cargo no Paquistão
Foto: Reprodução/Kohenoor News
Marvia é formada em Jornalismo pela Punjab University e, na verdade, trainee de âncora. Em entrevista ao canal “CNN”, ela afirmou ter se candidatado ao cargo para provar a todos que a comunidade transgênero é “muito capaz a qualquer emprego e pode fazer o que quiser”.
“Eu quero mostrar para o meu país que somos muito mais do que objetos de piada, nós somos humanos”, alega.
A jornalista diz também estar feliz com a atenção dada a seu caso, mas ainda afirma que mais conquistas sociais são necessárias para melhorar a qualidade de vida da comunidade trans no Paquistão.
A história da nova âncora é inspiradora também para crianças, já que ela se descobriu trans quando ainda era muito nova. Marvia sofreu rejeição da família e tem se mantido financeiramente desde os 15 anos de idade.
A jornalista sabe que realidade das pessoas trans não é fácil e que muitas acabam vivendo marginalizadas e até sendo forçadas a se prostituir, já que as oportunidades de emprego são raras. “Eu quero que a próxima geração de crianças trans olhem para mim e saibam que é possível ser aceita e que oportunidades surgirão”, declara.
Leia também: Jovem transexual mostra em vídeo suas mudanças desde criança
Já o chefe de Marvia e diretor do Kohenoor News, Bilal Ashraf, comenta a “CNN” que não imaginava que ela era trans na entrevista de emprego. Ele constata que o telejornal tem o objetivo de ser “progressista” e promover oportunidades a todos os indivíduos. “Não vamos discriminar, afinal todos temos sonhos e objetivos de vida”, diz.
Como é ser trans no Paquistão
De acordo com um senso de 2017 no país de 200 milhões de habitantes, que registrou a população trans pela primeira vez, existem aproximadamente 10 mil indivíduos que se identificam como transgêneros.
Leia também: “Para sobreviver, tem de ser forte”: Mulher transgênero sobre viver na Rússia
Em março de 2017, o Ministro da Saúde do Paquistão divulgou dados que mostram que os trabalhadores trans são o segundo grupo mais vulnerável a HIV e Aids do país.
Um ano depois, o senado aprovou o projeto que protege os direitos da comunidade transgênero. O projeto é contra a discriminação e dá aos cidadãos o direito de mudar o gênero no documento de identidade.